Como manter os pequenos ciclistas hidratados
11 de maio de 2021Em um país tropical como o Brasil, é preciso sempre atentar para a questão da hidratação das crianças. No caso específico de crianças que pedalam, a atenção precisa ser redobrada, pois a atividade física aumenta o processo de desidratação.
A desidratação promove aumento na temperatura interna devido à redução do volume de sangue sob a pele e da quantidade de suor. Esse efeito pode ser mais negativo para crianças quando comparado com adultos. Isso pode ser explicado pelo menor grau de sudorese das crianças. Devemos, também, estar cientes de fatores que podem aumentar a desidratação: ambientes quentes e úmidos, e roupas inadequadas, principalmente aquelas que não permitem a dissipação do calor através do suor.
Desidratada, uma criança pode apresentar sintomas como tonturas, dor de cabeça, sede excessiva, pele muito avermelhada, náuseas e cansaço. Ou seja, a reposição hídrica é extremamente importante, especialmente para quem pratica uma atividade física. É importante que os níveis de hidratação sejam mantidos de forma eficiente antes, durante ou depois da atividade, independente de ser um exercício de longa ou curta duração.
Mínimos graus de desidratação já são suficientes para afetar o tempo de tolerância à prática de exercício no calor. A redução de 1% do peso corporal em crianças é suficiente para reduzir o volume sanguíneo e a capacidade aeróbica, e aumentar a temperatura central.
Como mantê-las hidratadas
A água é o componente presente em maior abundância no organismo. O corpo não possui reservas de água e por isso ela deve ser reposta para manter a saúde e as funções básicas do organismo. Por esse motivo grande atenção tem-se dado às estratégias de reidratação durante e após a atividade física de crianças, como forma de manter os líquidos corporais.
A água é uma boa opção quando a duração do exercício não ultrapassar 60 minutos e as condições ambientais estiverem adequadas à prática do exercício.
Quando a duração do exercício ultrapassar 90 minutos e a intensidade do exercício for de moderada a alta, recomenda-se adicionar carboidratos, eletrólitos (sódio e potássio) e sabor à bebida para promover uma maior absorção de água e aumentar a palatabilidade.
Os sucos são bem-vindos principalmente se forem naturais, de fruta orgânica e com a polpa da fruta junto – ou seja, sem coar ou peneirar. Assim, você garante que a criança vai consumir também as fibras da fruta, além de garantir a hidratação.
Bebidas industrializadas não costumam ser uma boa opção. Sucos de caixinhas não são nada saudáveis. Refrigerantes então, nem se fala! Sucos de frutas adoçados e refrigerantes não hidratam de forma eficiente por causa de suas altas concentrações de açúcar. Quando esse açúcar entra no intestino delgado, a água é retirada do corpo para diluí-lo e isso resulta em desidratação.
Crianças entre 4 e 15 anos devem tomar, diariamente, de 1,5 a 3 litros de líquidos. Porém, devemos lembrar de que, quando estão em atividade física como no pedalar, é preciso aumentar essas quantidades.
Bebidas isotônicas
Existem controvérsias quando o assunto é o consumo de bebidas isotônicas – como Gatorade e Powerade – por crianças. Segundo o pediatra Dr. José Luiz Setúbal, para uma criança ou jovem que está fazendo uma atividade mais intensa, pode-se sim fazer o uso desses produtos. No entanto, devemos ficar atentos quanto à quantidade. Em demasia, elas podem se tornar prejudiciais, causando desconfortos intestinais e acentuando até mesmo os processos de desidratação.
A opinião não é compartilhada por todos. Estudos colocam as chamadas bebidas esportivas como vilãs. Os isotônicos são ricos em açúcar e sais minerais, como o sódio. Ocorre que, para equilibrar o excesso de sais no organismo, será preciso ingerir bastante água – em vez de suprir a necessidade do líquido, ele aumenta. Sem contar que alguns contêm substâncias capazes de provocar erosão nos dentes. Mesmo aqueles casos em que há prática esportiva intensa requerem o aval do pediatra.
Isotônico natural
A água de coco, bebida encontrada com certa facilidade em todo o país, é considerada um ‘isotônico natural’. Segundo estudo da Universidade de Indiana (EUA), a água de coco mostrou-se a bebida esportiva ideal para quem faz exercícios leves e moderados.
Sempre que a criança transpira, ocorre a perda de água e eletrolíticos como potássio, sódio, magnésio e cloro. A água de coco tem cinco vezes mais potássio do que o Gatorade ou Powerade. A pesquisa acrescenta que a água de coco contém 1.500 miligramas de potássio por litro (mg/l), contra 300 mg/l dos produtos comerciais.
Quanto ao sal, enquanto a água de coco possui 400 mg/l de sódio, as duas bebidas esportivas têm 600 mg/l. As quantidades de magnésio e carboidratos são semelhantes nas três bebidas. Uma porção de água de coco com 340 gramas tem a mesma quantidade de potássio que uma banana. A água de coco também é rica em antioxidantes. Segundo um estudo realizado pela Danone, apenas 32% das crianças consome a quantidade ideal de líquidos ao longo do dia. A principal dica é, quando a criança estiver andando de bicicleta, não esperar que ela peça água. Hidrate-a antes, durante e depois da atividade